Terras raras em Poços de Caldas: por que, por enquanto, eu sou contra.
Escrevo como cidadão, pai e alguém que ama Poços de Caldas. Diante da corrida pelas chamadas “terras raras”, deixo claro: a princípio, sem um estudo amplo, transparente e participativo sobre todos os impactos, eu sou contra avançarmos com qualquer projeto de mineração no nosso município e espero, convencer muita gente com isso.
Não é sobre ser contra o progresso. É sobre não trocar nosso futuro por pressa e promessa. Antes de qualquer licença, temos que exigir respostas — com números.
Quero falar diretamente com você, morador de Poços, e com as autoridades. Chega de discursos vagos.
Se o tema é tão vantajoso, então provem, com dados verificáveis e metas mensuráveis:Quanto dinheiro, exatamente, entra para Poços?
Projeção anual de arrecadação para o município (taxas, CFEM, ISS, IPTU, outorgas).
Percentual garantido para saúde, educação e meio ambiente.
Fundo municipal obrigatório para mitigação, fiscalização e recuperação.
Cronograma de repasses e gatilhos de auditoria independente.
Emprego real, não PowerPoint:
Quantos empregos locais e qual a remuneração média?
Percentual mínimo de contratação de moradores de Poços, com plano de capacitação custeado pela mineradora.
Metas de inclusão de jovens e mães chefes de família.
Saúde pública e educação:
Estudo epidemiológico prévio (linha de base) e monitoramento contínuo de qualidade do ar e da água, com exames gratuitos para a população do entorno.
Cláusula de “poluidor-pagador”: qualquer dano comprovado vira obrigação imediata de custeio pela empresa — sem judicialização eterna.
Percentual do projeto destinado a pesquisa local nas escolas técnicas e universidades da região.
Meio ambiente — o ponto central:EIA/RIMA completo, acessível e didático, com mapas e simulações.
PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) já apresentado antes de ligar a primeira máquina.
Plano de fechamento de mina com garantias financeiras (caução/seguro ambiental) desde o dia 1.
Proteção absoluta de nascentes, mananciais e corredores ecológicos.
Monitoramento independente, com dados em tempo real e acesso público (site/painel).
Se não houver isso na mesa — e com participação popular — não podemos apoiar
Por que eu sou contra, por enquanto?
Porque o risco é assimétrico.
Se der errado, a conta fica aqui: na nossa água, na nossa saúde, na nossa paisagem, na nossa economia do turismo e do bem-estar.
Temos que recusar a assinar um cheque em branco.
Qual é a cidade que vamos deixar para nossos filhos e netos?
Vamos entregar um território com água limpa, mata preservada e oportunidades duradouras — ou crateras, poeira e promessas que evaporam?
Perguntas que ninguém respondeu ainda ou não vi isso. (e precisa responder)
Qual o plano de reabilitação das áreas exploradas, etapa por etapa, com prazos, técnicas e quem paga?
Que composição de solo e resíduos ficará nas áreas degradadas?
Há risco de elementos tóxicos? Que barreiras geotécnicas serão usadas?
Como garantir que a riqueza não vai “vazar” para fora, deixando aqui só impacto?
Quais limites de extração (volume/ano) e qual ponto de corte para suspensão imediata se indicadores ambientais piorarem?
Sem isso, eu continuo contra. e espero despertar a população para isso
Chamada à reflexão (e à ação)
Poços de Caldas é água boa, ar puro, biodiversidade, turismo, qualidade de vida.
Não vamos rifar nossa identidade por um projeto que não prova, com números e garantias, que vale a pena.
Pense nos seus filhos. Pense nos seus netos.
O que responderemos quando perguntarem: “Por que deixaram acontecer?”
O que eu proponho agora
Audiências públicas verdadeiras mais amplas, em horários acessíveis, com transmissão online e material explicativo.
Comissão cidadã com representantes de bairros, produtores rurais, comércio, turismo, universidades e conselhos municipais, com poder de veto técnico diante de falhas.
Transparência radical: todos os documentos (EIA/RIMA, PRAD, monitoramento) em um portal único, linguagem simples e dados abertos.
Cláusulas contratuais duras: seguro ambiental, caução para recuperação, metas sociais vinculadas à continuidade da operação, e tolerância zero a irregularidades.
Enquanto isso não acontecer, repito: temos que ser contra dar qualquer passo. é Preferido perder um “negócio da China” do que perder Poços de Caldas.
Se você concorda, compartilhe, cobre os vereadores, o prefeito, os órgãos ambientais.
Participe das audiências. A cidade é nossa — e o futuro também.
Alberto Silva – Betto – Pensa Poços
O conteúdo acima reflete a opinião do autor, não representando, necessariamente, a posição editorial desta emissora.
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